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Descobrindo Celina Rodrigues

21 julho de 2014

Por Joelmo Costa

Há alguns anos tive contato com os quadros da pintora capixaba e teresense Celina Rodrigues. Conhecia essa extraordinária artista apenas por seus quadros que retratavam o famoso e histórico Vale do Canaã, tão imortalizado pelo livro de Graça Aranha. Não tinha, e creio que ainda não tenho, a exata noção do seu tamanho dentro da arte capixaba.

Desde o início do ano, estamos (eu e alguns profissionais do Da Vinci) aprofundando os estudos sobre a “pintora do Canaã”, com o objetivo de estudá-la (sua técnica e temáticas) nos 8os anos do Ensino Fundamental, para montarmos em novembro uma exposição com os seus quadros. Iniciamos há três meses as visitas e pequenas entrevistas com pessoas que conviveram com a ilustre pintora e que possuem quadros pintados por ela. Cada quadro revela uma estória e todas as estórias nos leva a uma Celina Rodrigues que entranhava as matas com o seu cavalete e passava o dia deleitando as paisagens e pintando, sem a pressa comercial, o que o sentimento direcionava.

O mergulho em sua obra, que vai muito além do Canaã, está descortinando não apenas a pintora, que usava os pincéis e as cores para libertar as paisagens aprisionadas desde a sua infância (o vale, as estradinhas de chão entre as montanhas, as casas simples cercadas de verde, as igrejinhas e o Convento da Penha), mas a pessoa escondida na artista. A Celina desprovida de vaidades artísticas, que era calada e deixava a arte falar por ela, que não tinha a mínima preocupação em ser reconhecida pela crítica, que acumulava as suas medalhas e premiações num canto empoeirado do seu improvisado ateliê, que enxergava a pintura com a simplicidade que toda arte deveria ter. A arte nos faz enxergar a alma e a obra de Celina Rodrigues nos sensibiliza e nos limpa um pouco da poeira acumulada pela rotina da vida.

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Vale do Canaã, 1959. Óleo sobre tela, 60 x 45.
Coleção Centro Educacional Leonardo da Vinci.

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“Vale do Canaã”, óleo sobre tela, coleção Fabiana Rassele Croce.

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Convento da Penha, 1942.

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Auto-retrato, pastel, 50 x 43, 1944. Coleção José Augusto Loureiro.

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