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Abertura do Ano Letivo – Semana de Planejamento

13 fevereiro de 2017

Por Paulo de Tarso Rezende Ayub

Enquanto membros da Direção ocupavam as mesas dispostas no palco do Teatro da Vinci e os integrantes da equipe os bancos da plateia, para contracenarem na primeira reunião de trabalho de 2017, ouvia-se, como plano de fundo, a interpretação emocionada de Elis Regina para a composição “Como nossos pais”, de Belchior. Mote providencial para inaugurar um ano letivo cuja tônica será o aprofundamento na educação/apreciação estética.

A celebração do bom êxito nas rematrículas e a solidez da instituição, merecedora do voto de confiança de muitas famílias que administram a crise da economia sem abrir mão do investimento em educação; as conquistas de nossos alunos na seleção pelo ENEM/SISU (com ênfase para a conquista do primeiro lugar geral na UFES pelo aluno bolsista Isaque Castelo Coutinho) e as tomadas de posição da Escola que vão na contramão das tendências de mercado (como a incorporação da tecnologia à sala de aula com regras e limites que não comprometam o projeto pedagógico), foram apontados pela Direção como marcas da credibilidade que conquistamos ao largo de nossa trajetória educativa — e que é mantida à base de muita dedicação dos gestores e dos colaboradores, por compatibilidade de princípios crenças e ações.

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Imergindo no tema transversal da estética e no racional/sensorial que dela emana, a Diretora Pedagógica Maria Helena optou por falar para os profissionais de sua equipe “de gente para gente que saboreia ou deve saborear o mundo”. Resgatou sua recente passagem, nas férias recém-findas, por Firenze (celeiro de cultura e da estética levada ao extremo) e a aprendizagem comparativa que pôde estabelecer com a primeira vez em que lá esteve, fruto de sua crença de que diferentes tempos em mesmos lugares, se contemplados e apreciados, oferecem divisas ao pensamento reflexivo. Desta vez, ao se deparar com propostas de aparente positividade da rede hoteleira que provocam uma impressão de negatividade pelo artificialismo/padronização, e com as marcas visíveis de sustentação e decadência daquilo que visa ao apelo consumidor e ao olhar sensível, viu-se imbuída do jeito de fazer educação que está no cerne do projeto educativo da Escola: apropriar-se do vivido para ressignificar o que se tem para viver, nunca desperdiçando o potencial agregador daquilo que a realidade nos propicia.

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Indicou também, como motivador a uma autorreflexão pessoal e profissional por parte dos educadores, a leitura de uma obra que lhe foi presenteada ao final do ano de 2016, intitulada “Sociedade do cansaço”, a qual instiga o ser enclausurado pela obediência às regras sociais e ofertas de mercado a buscar aquilo que o pode fazer sentir-se livre, em meio ao turbilhão de exigências e demandas da era contemporânea. Um convite ao resgate da individualidade consciente, sem personalismo.

Sem deixar de considerar a fragilidade da comunicação entre interlocutores (já que o que se diz nem sempre é o que se ouve; tampouco o que se busca transmitir não é o que se compreende), Maria Helena finalizou sua abordagem com a reafirmação do prazer de conviver com sua equipe num ambiente formador que não nos permite ser o que não somos e no exercício de uma missão que não nos oferece a possibilidade de máscaras/fingimentos.

Como plano de fundo para a conclusão da primeira etapa dos trabalhos, o palco do teatro foi tomado por fragmentos de uma exposição sobre Gustav Klimt, em curso em Firenze (gravação feita por Pignaton durante a vivência), em que a apreciação estética de suas telas é potencializada pelos efeitos tecnológicos e trilha sonora contundentes. Uma demonstração de como a educação estética pode se pautar pela conexão entre universos aparentemente distanciados, longe de academicismos.

Na sequência dos trabalhos, foi realizada uma mesa-redonda sobre a agenda da Escola, de forma a  visibilizar os bastidores de sua produção, dar a conhecer os detalhes de sua concepção/editoração e gerar efeito multiplicador sobre as intenções de que se reveste para enriquecer o cotidiano com a perspectiva cultural, a partir da mescla entre páginas visuais e mistas (com dimensões artística e funcional acopladas) e da seleção de textos com enfoque instrutivo e crítico direcionados a diferentes públicos-alvo, de acordo com os estágios de percepção e aprendizagem.

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As leituras da mensagem “deixada” pelo mascote Léo (um pincel com perfil literal e simbólico que comparece na contracapa) e do texto de contextualização, que serve de organizador para todas as agendas, configuraram-se fundamentais para situar os professores no propósito de tornar a criação estética uma ponte entre o produtor e o apreciador, permitindo-lhe experienciar os conceitos de iconologia (a apreciação racional, domada pela leitura de contexto e domínio técnico) e iconografia (a apreciação indomada pela sensibilidade do apreciador e por sua liberdade de fazer escolhas), em níveis de aprofundamento e extrapolação variados.

A reunião inaugural do ano letivo de 2017 conseguiu angariar os professores para se apropriarem da agenda em seu potencial formador e para multiplicar suas possibilidades com a comunidade educativa, em busca de adeptos, colaboradores e entusiastas que convertam o olhar estético em disposição para o bem-viver o e o conviver.

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