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Entrevista com Larissa Guerra Dornelas, sempre-aluna

11 abril de 2016

Dando continuidade ao projeto onde publicamos em nosso site entrevistas com sempre-alunos, conversamos com a sempre-aluna Larissa Guerra Dornelas, estudante de graduação/mestrado na École Nationale des Ponts et Chaussées, na França, a mais antiga escola de Engenharia Civil do mundo.

O objetivo é não perdermos o contato com nossos sempre-alunos e sabermos onde estão trabalhando, vivendo,… enfim, conhecermos um pouco da vida dos alunos que fizeram e fazem parte da nossa história.

Confira abaixo a entrevista:

01) Nome completo:

Larissa Guerra Dornelas

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 02) Idade:

23 anos

 03) Em que ano se formou no Da Vinci? Quantos anos estudou na escola?

Me formei no Da Vinci em 2009. Estudei na escola por 14 anos.

04) Prestou vestibular para qual curso, para qual faculdade?

Prestei vestibular para Engenharia Civil na USP (desde sempre meu maior objetivo), UNICAMP e UFES e para Medicina na UNIFESP.  Na época da inscrição para os vestibulares, eu ainda não estava 100% certa de que queria fazer Engenharia e não Medicina. Então, me inscrevi também para medicina. Chegada a data das provas, eu já havia me decidido pela Engenharia, mas fiz a prova da UNIFESP assim mesmo, para poder ter uma experiência a mais e me preparar melhor para as questões dissertativas do vestibular da USP, que é sempre depois das provas da UNIFESP. Fui aprovada nos 4 vestibulares, fiquei em 4° lugar geral do curso de Engenharia Civil da UNICAMP, mas optei pela Escola Politécnica da USP.

05) Conte-nos um pouco da sua trajetória acadêmica.

Comecei a graduação em Engenharia Civil em 2010 e durante a graduação, descobri sobre o programa de Duplo Diploma da minha faculdade com diversas outras universidades e escolas de outros países e me interessei notavelmente pelo programa com a Ecole Nationale des Ponts et Chaussées (ou Ecole des Ponts ParisTech), na França. Essa é a escola de Engenharia mais antiga da França e a escola de Engenharia Civil mais antiga do mundo, criada em 1747. Alguns grandes gênios estudaram aqui.

Tendo em vista tudo isso, eu decidi me candidatar ao programa de Duplo Diploma, pois achei uma oportunidade única. Participei de todo o processo seletivo e fui selecionada num total de 3 vagas disponíveis para o curso de engenharia civil.

Então, após 3 anos e meio de graduação, vim para a França. O programa consiste em estudar durante 2 ou 3 anos aqui (que equivalem à 1 ano no Brasil) e depois retornar ao Brasil para efetuar os 6 meses restantes, garantindo 2 diplomas (o do Brasil e o diploma francês, que permite trabalhar em qualquer pais da Europa). Na França, o aluno pode escolher entre fazer dois anos de estudo ou dois anos + 1 ano de estágio integral, totalizando assim 6 ou 7 anos de estudo no total. Eu, assim como a maioria, decidi fazer 3 anos, pois o ano de estagio integral é extremamente enriquecedor pois o estagiário tem a mesma liberdade de um funcionário, o que te permite ver diferentes setores de trabalho ou se aprofundar em um domínio especifico, que no meu caso foi o setor da Geotecnia.

Esse ano foi muito importante para mim, pois pude confirmar meu interesse pela área. Com isso, resolvi me candidatar para o Mestrado em Geotecnia da Ecole des Ponts et Chaussées: “Mestrado em Mecânica dos Solos, das Rochas e das Obras no seu Ambiente”. Fui aceita. Como aluna da própria escola, podemos integrar o Mestrado diretamente no segundo ano, “pulando” o primeiro ano. E foi o que fiz. Neste ano escolar de 2015-2016, eu cursei o último ano do Mestrado ao mesmo tempo em que a formação clássica da escola (último ano clássico da escola de Engenharia). Assim, durante os 6 primeiros meses, temos cursos teóricos e um projeto de pesquisa em paralelo. Nos meses restantes, onde estou agora, fazemos um estágio em pesquisa, que equivalente ao TCC no Brasil. Ao final, obtemos também o Diploma de Mestres (que pode ser validado igualmente no Brasil). E ao término desses “longos” 7 anos de formação, terei 4 diplomas: 2 diplomas de Engenharia e mais 2 diplomas do mestrado.

Terminado isto, volto então para o Brasil no meio do ano para terminar meu curso na Poli e, finalmente, (risos) me formar!

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06) Atualmente, muitos alunos da escola estão interessados em cursar uma universidade fora do país. Conte-nos um pouco sobre a sua escolha e os desafios de estudar fora do país.

Eu sempre tento estabelecer novos objetivos (ou metas) a realizar e acho que as oportunidades vão aparecendo pouco a pouco. Como disse antes, estudar na USP sempre foi meu sonho, mas depois que entrei na universidade, digamos que “estava à procura” de um “novo objetivo”. Foi mais ou menos nessa época que comecei a ouvir falar do Duplo Diploma no exterior e isso me interessou. De certa forma, acho que posso dizer que a minha escolha foi baseada numa pesquisa própria sobre as escolas e, sobretudo, na minha vontade de sempre tentar conquistar coisas novas. Além disso, eu já estudava francês na época, então essa oportunidade era única! Confesso que durante o processo seletivo eu não havia pensado muito nos desafios que eu teria quando viesse para cá. Fica sempre aquela empolgação do “sonho” realizado, mas não se pensa muito no que vem de fato pela frente. Posso dizer que os maiores obstáculos são sem duvidas: a língua e a cultura. O idioma é sempre uma dificuldade. Mesmo estudando antes, é sempre muito diferente da realidade. O francês que se aprende no Brasil é o francês formal, diferente do que se fala, inclusive pelos jovens na universidade. Então inicialmente é aquele choque com todo o vocabulário, as gírias e a rapidez com que se fala. Mas geralmente após 3 ou 4 meses, você já estará entendendo bem!

Em minha opinião, vale a pena pensar um pouco nas dificuldades antes de se mudar para algum país: cada povo tem sua cultura, seu jeito de ser, que nem sempre é parecido ao que estamos acostumados no Brasil. Para se mudar para o exterior, é preciso ter uma mente aberta, sem preconceitos e estar disposto a fazer um esforço para se integrar! Mas é como dizem: depois da chuva vem a bonança, vai valer a pena!

07) Acha que o ensino que teve no Leonardo da Vinci contribuiu para sua vida, tanto pessoal quanto profissional?

Claro que sim! Estudei minha vida toda na escola, então, junto com a educação e os princípios que meus pais me passaram, essa foi efetivamente toda a preparação que tive para a vida. Acho que o Leonardo me ensinou bastante no âmbito profissional: sempre pensar grande e ter novas metas, assim seu esforço será recompensado! Além disso, durante meus anos no integral, aprendi bastante a como organizar meu tempo e desenvolvi minha própria técnica de estudo. A High School também foi importante, não só pelo inglês (que hoje me ajuda demais, sempre), mas também nessa questão do estudo, da disciplina, da organização. O fato de estar sempre fazendo provas da HS, por exemplo, me ajudou bastante no terceiro ano em relação aos simulados: eu já tinha o hábito de estar estudando em continuidade. No âmbito pessoal, acho que a escola também me ensinou bastante. Tenho boas amizades dessa época (que pretendo guardar, claro!) e acho que aprendi muito no que concernem as relações pessoais: como trabalhar em grupo, como lidar com a pressão e como interagir com um grupo segundo diferentes circunstâncias.

08) E na sua vida pessoal? Casou? Teve filhos?

Não sou casada, nem tenho filhos. Só tenho 23 anos (risos). Meu foco atual é a minha carreira, quero crescer e me estabilizar na minha profissão para depois começar a pensar nisso. Mas bem, com 23 eu ainda tenho tempo!

09) Quais as principais lembranças da época em que estudava no Leonardo da Vinci?

Como disse, tenho alguns bons amigos da época de Leonardo e pretendo manter essas amizades de longa data! Além disso, eu diria que tenho muitas boas lembranças de alguns professores que me marcaram bastante ao longo do tempo, da Maria Helena também… Lembro em especial do dia em que o resultado final da UFES saiu e meu irmão, Gilmar de Oliveira Dornelas Junior, tinha ficado em primeiro lugar geral. A Maria Helena passou na minha sala e me disse super contente “seu irmão ficou em primeiro!!!”. Tenho um carinho especial por alguns projetos, com destaque para o Festival de Teatro da 2ª série do Ensino Médio: desde criança queria fazer o teatro e quando o dia finalmente chegou, foi demais ! Até hoje assisto de vez em quando o DVD para relembrar.

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10) Qual conselho daria aos alunos que pensam em fazer engenharia ou aos que este ano prestarão vestibular?

Em relação ao vestibular: sempre pensei nas provas como um obstáculo entre mim e meus sonhos. Acho que essa é uma boa forma de encarar o desafio, pois o que vem depois vai com certeza compensar seu esforço! Isso me ajudou bastante a me motivar, pois eu sabia que, se me dedicasse integralmente a esse objetivo, a recompensa iria valer o ano de estudos duro. Essa é a minha dica: pensar no terceiro ano como um teste de perseverança! E é claro, tem que ser um ano onde o aluno esteja focado e comprometido com a causa: vida social e outras atividades tem que vir em segundo plano. Assim você garante que todo esse esforço vai valer a pena e será por um ano só! Mas, evidentemente, os alunos tem que tentar dosar um pouco estudos e relaxamento. Uma mente exausta não rende, é melhor fazer uma pausa, se distrair um pouco e depois recomeçar. Garantia de eficiência! Outra dica é tentar estudar um pouco de cada matéria a cada dia, revisar o que foi dado no dia, assim você garante estar sempre em dia com a matéria e você trabalha assuntos diferentes, o que é menos cansativo do que estudar tudo de uma mesma matéria de uma vez só!

Já em relação à engenharia, a minha dica é prestar o vestibular para as engenharias mais generalistas (a civil é um bom exemplo), a não ser que você já esteja absolutamente certo do que quer fazer. Durante a graduação você é formado em diferentes departamentos e atuações, o que te garante um leque de possibilidades depois! Tenho alguns amigos que escolheram engenharias muito especificas e depois se arrependeram, pois o assunto era muito restrito. Eu, por exemplo, comecei o curso certa de que queria trabalhar com estruturas, para mais tarde descobrir que gosto mesmo é de solos. A engenharia é um ótimo curso: eu sempre gosto de dizer que na graduação “você aprender a aprender”, ou seja, você aprende a como obter informações sozinho e aprender por si mesmo, o que é essencial para a vida. Por isso, muitas empresas contratam engenheiros independentemente da área de formação, elas estão interessadas na capacidade de raciocínio e de aprendizado! Por fim, não tem como fugir: para ser engenheiro, é preciso gostar de matemática e física. Afinal, você passara no mínimo dois anos estudando basicamente isso!!

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