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Viagem Acadêmica a Santa Teresa: diversidade e conexões

5 setembro de 2014

Por Maria Helena Salviato Biasutti Pignaton

A Viagem Acadêmica a Santa Teresa, consolidação de um semestre de estudos/aprendizagens por parte dos alunos de quartos anos do Ensino Fundamental, transcorreu de forma muito produtiva, seja na leitura dos profissionais acompanhantes, seja na apreciação dos alunos-viajantes. Estes, de modo geral, mostraram-se interessados pelos conteúdos que o mundo oferece e a realidade exige, possivelmente porque organizados pedagogica-educacionalmente pela Escola e social-afetuosamente pelas famílias.

A dedicação de nossa equipe de profissionais ao projeto pedagógico foi prazeroso e intenso. Estivemos, durante todo o processo, agindo como interlocutores com os alunos e a sociedade que nos abrigou durante os três dias da viagem, quando das vivências in loco. Os organizadores e professores viajaram previamente à região no mínimo cinco vezes para testar tudo que fora possível testar, e sabendo que na vida surgem imprevistos a serem administrados com senso de realidade.

Os alunos-viajantes mostraram-se prontos para as atividades propostas e capazes de reconhecer que a teoria só é válida quando bem vivenciada na prática.

De tudo que foi vivenciado, vale fazer uma síntese dos aspectos mais representativos:

  • a manutenção do blog da série com informações prévias sobre pontos do roteiro propiciou um repertório compartilhado que compareceu em muitos momentos da viagem, revelando conhecimento de causa e interesse cultural por parte dos alunos.
  • o concurso cultural sobre a preservação do patrimônio natural e arquitetônico no Vale do Canaã propiciou aos estudantes que exercitassem a função social da escrita, por meio de cartões postais enviados a destinatários reais, e o espírito de cidadania. Como desdobramento desse concurso, foi realizado um manifesto no primeiro dia da viagem, o qual, além de seu valor simbólico, serviu de alerta para a sociedade capixaba e a classe política, que tem se mobilizado para pensar em ações concretas para alterar o estado de abandono lá visível. No próximo ano, retornaremos ao local seja para dar prosseguimento às nossas investidas contra a depredação do patrimônio, seja para comemorar os resultados alcançados.

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  • a viagem foi desdobrada em muitas experiências diversificadas, o que possibilitou a criação de um roteiro sujeito a permanências e mudanças, mas sempre com a visão de mostrar que, mais do que receptores de informações, os alunos que viajam com a Escola devem sentir-se como protagonistas, colaboradores, observadores sensíveis e críticos da realidade.
  • a diversidade de experiências que compõe a viagem é a maior mostra de que conhecimento se potencializa por foco e conexão: visita contextualizada a museus, igrejas, cemitérios, outros monumentos e casas de campo; contemplação e observação da natureza em estado puro/adaptado; interações com pessoas da comunidade, descendentes de italianos ou cultuadores de memórias; acesso a  empreendimentos familiares de peso (Leite Fiore/Biscoito Claids/Vinícola de Eva Braun/Flora de Mazinho) que contribuem para o turismo cultural na região; jantares temáticos que transformam os restaurantes em espaços culturais e de convivência. E o fechamento da atividade deu-se na forma de experiências sensoriais na casa de campo da Escola, num clima de “casa de avós“, com tudo a que se tem direito: produção de receitas e manuseio da terra; caminhadas regadas a contação de histórias e bons papos com horticultores e jardineiros; expressão artística e partilha de conhecimentos e impressões.

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Os depoimentos voluntários, via Facebook, de pessoas que participaram de atividades ou observaram nossas iniciativas são também uma forma de validar a aproximação de nossos alunos com a vida real e de instigá-los a se tornarem cidadãos atentos, sensíveis, politizados e solidários.

Rose Loss Kollmann: Que demais. Estas crianças vieram visitar o Museu Mello Leitão. Deram um show de comportamento, respeito e amor pela natureza e por Santa Teresa. Lindo, lindo!!!

Nádia Carnelli Briel: Visitaram a FIORE também e posso dizer comportamento nota 1000!!!!!

Luciano Junior Thomasi: São crianças bem educadas com ótimo direcionamento, outro nível de educação. Parabéns a todos…

Mirano Ernani Schuler (músico local que entoou canções italianas durante o jantar temático no Restaurante Bianchi): Alguns dos momentos mais lindos da minha vida, eu passei nos dois dias em que eu fui convidado para apresentar músicas italianas pra um grupo de aluninhos e aluninhas do Leonardo da Vinci.
A aceitação, por parte deles, foi instantânea! Quando é assim, o músico se sente seguro para liberar tudo e exatamente o que ele tem por dentro. Pronto, formou-se o círculo! É energia que vai e vem de volta, criando um ambiente de amor entre todos.
Na quarta feira foi a noite dos meninos e na quinta o das meninas. Todos prestaram atenção total e se portaram com muita educação e um carinho que foi a coisa mais linda de toda a realização!
Eu voltei apaixonado por todos e cada um daqueles serezinhos humanos e numa felicidade que me deixou totalmente bobo! Obrigado ao Victor Humberto e ao Leonardo da Vinci. Eu nunca vou esquecer deste evento e a lembrança dele vai ser a minha terapia pra sempre!

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A viagem em questão foi uma inovação, se comparada a anos anteriores: mudanças de roteiro/estratégias, trabalho da equipe envolvida, muita tensão e gastos extras, logística para propiciar atividades concretas. Sem dúvida, a experiência foi enriquecedora para todos os participantes (alunos, professores e pais), mesmo que algumas das nossas crianças tenham se agradado mais ou menos daquilo que lhes foi propiciado, por questões de identidade e/ou pessoalidade. Saímos todos fortalecidos nas relações para o conhecimento e para as humanidades.

Esse breve retorno não tem a intenção de prestar contas nem de buscar reconhecimento, mas sim de multiplicar com a comunidade uma atividade até então restrita a alunos/familiares dos quartos anos, mas que pode inspirar outras práticas em que Escola e Família, ao se tornarem parceiras do pedagógico e cultural, atuam como grandes educadoras.

Os alunos envolvidos constituíram experiência e repertório para se prepararem, com o mesmo espírito, para a Viagem Acadêmica de 2015, com destino a Taubaté e Campos do Jordão: novos desafios, novas conquistas. Eis uma formação que se transpõe da Escola para a vida.

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